sábado, 21 de abril de 2012

QUANTAS VEZES DEVO PERDOAR?


Texto: Mt 18: 21-35.
É muito importante começar esta predica enaltecendo o muito que devemos a falta de freio na língua de Pedro. Pois sempre uma vez ou outra Pedro soltava a fala e com a sua impetuosidade sempre extrai ensinos imortais da boca de Jesus.
E agora de novo Pedro toma a palavra, e a sua pergunta é: Quantas vezes temos que perdoar um irmão? E ele pensa que é preciso ir bem longe ao encontro dele e estar disposto a perdoá-lo. Os rabinos da época ensinavam que um homem deve perdoar três vezes a seu irmão. E encontravam a prova bíblica da correção desta medida em Amós. Nos primeiros capítulos de Amós se estabelece uma serie de condenações para diferentes nações: Por três transgressões e por quatro (Am 1: 3, 6, 9, 11, 13; 2: 1, 4 6). Então Pedro toma as três vezes rabínicas, multiplica-as por dois, adiciona uma e sugere, muito satisfeito que bastará perdoar sete vezes. Pedro acha que sete vezes seria o numero da plenitude e do limite. Mais que sete vezes não seria necessário – mas Jesus se nega a aceitar esta aparente bondade e nobreza de coração para perdoar sete vezes, pois este numero é humanamente fechado e limitado. Então com uma Palavra cheia de poder e misericórdia Ele quebra esta medida humana. Sete vezes não, mas setenta vezes sete. Isso significa que a medida do perdão não tem limites.
Então Jesus, com geralmente fazia, conta uma parábola a fim de esclarecer melhor esta exigência. Um rei, designado de senhor no restante da parábola, emprestou uma quantia a de seus empregados. Este empregado abre um estabelecimento bancário. A dívida aumentou para uma quantia impossível de ser paga. Dez mil talentos somam aproximadamente 174 toneladas de ouro. Essa dívida é de fato impagável. Apenas para ilustrar o tamanho desta dívida, podemos compará-la com a informação de que o salário anual de Herodes Antipas era de aproximadamente 200 talentos.
O rei desta parábola primeiro assume uma atitude de direito, dando ordens de que o empregado impossibilitado de pagar fosse ele com toda a sua família vendidos como escravos para saldar a dívida. A lei em Êxodo 22: 2 prevê que a venda do devedor como escravo. Mas o rei sabia que o seu compatriota vendido tinha de ser alforriado no sétimo ano, também descrito em Êxodo 21: 2. Então o rei ordena que o devedor e tudo o que ele possui sejam vendidos. Mas o rei comovido pela suplica insistente de seu devedor, resolve libertá-lo, sim, livra-o de toda a dívida. E se nós prestar atenção, é exatamente assim que Deus faz conosco, comigo e com você, que lhe devemos uma soma impagável. Ele nos perdoa a dívida do pecado. E isso é verdade, pois Deus nos amou por meio de Seu filho Jesus. Não apenas uma vez, ou set vezes como sugeriu Pedro, mas milhões de vezes, diária e abundantemente, Deus perdoa nossa gigantesca dívida.
Mas o interessante, que no momento seguinte que foi perdoado, o empregado desta parábola vai e procede completamente contrario com seu colega. Assume diante dele uma atitude legal e, não se importando com as muitas suplicas dele, persiste no seu direito, mesmo se tratando de uma pequena soma de cem denários, ou seja, o equivalente a cem dias de trabalho.
Quantas vezes nós não costumamos ser muito justos com os outros, sempre persistindo na atitude legalista diante deles, suas faltas contra nós sempre são gigantescas e por isso mesmo, imperdoáveis. E através desta parábola Jesus nos mostra como estas nossa atitude contra a reconciliação nos coloca num terrível contraste com Deus. Enquanto desfrutamos intensamente do seu perdão, usufruindo dele numa medida que nem podemos comparar com o que devemos uns aos outros, qualquer ofensa à nossa honra nos deixa tão irados que nada nos acalma e não perdoamos de jeito nenhum. Muito pelo contrario, exigimos os nossos direitos e também pela condenação, como se fossem valores absolutamente necessários. Deus precisa suportar pois não perguntamos em momento algum sobre qual era a Sua opinião, mas nós não suportamos aquele que (do nosso ponto de vista) não dá atenção suficiente para a nossa opinião. Diante de Deus, afirmamos, sem temor, tantas coisas erradas. Mas vingamos qualquer palavra errada de outros sobre nós. Para Deus não temos tempo, nem dinheiro, nem coração. No entanto, quando alguém não nos agradece e não nos concede o amor devido, nos revoltamos e de imediato o consideramos insuportável.
No fim da parábola Jesus, Jesus nos apresenta a consequência dessa falta de compaixão e de disposição para perdoar: Quem não se torna misericordioso com a misericórdia de Deus e não aprende a perdoar a partir do perdão de Deus, desperdiçou a graça de Deus.
Amados irmãos, graça desperdiçada gera condenação. Pois a graça de Deus transforma-se em ira de Deus. Esta palavra de Jesus sobre o perdão mutuo é seria, é seriíssima.
E o que se deve destacar é que nada do que os homens nos façam pode se comparar com o que nós fazemos a Deus, e se Deus perdoou nossas dívidas, nós também devemos perdoar nosso próximo. Nada do que nós temos que perdoar se pode comparar nem de forma vaga ou remota daquilo que Deus nos perdoou.
Fomos perdoados de uma dívida que esta além de todo o pensamento – porque o pecado do mundo provocou a morte do próprio Filho de Deus – e, sendo assim, devemos perdoar aos outros como Deus nos perdoou, ou não podemos encontrar misericórdia alguma.
Missionário Emir Vargas.

sexta-feira, 2 de março de 2012

NOSSA VOCAÇÃO.


Texto: Ef 4: 1 - 6.
“Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vinculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e esta em todos”.
            Quando leio este texto, e olha que já e reli várias vezes para poder entendê-lo melhor e dele tirar algo que edifique minha vida, sempre me vem à mesma pergunta: “quem são os chamados?” Então buscando resposta na própria palavra olho o texto que o mesmo Paulo escreve aos Coríntios no capitulo primeiro verso 26, que diz que não são os sábios, ou poderosos e nem aqueles que nasceram em berço nobre, mas Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios. Então este chamado é pra todos aqueles se dispõe a serviço da obra redentora de Deus, ou seja, este chamado é pra mim, mas também é para cada um de vocês, nós fomos chamados por Deus, não é a toa que o Espírito Santo um dia tocou em seu coração fazendo com que cada um de nós deixasse as coisas comuns do mundo e nos impulsionasse para estarmos aqui nos cultos da igreja. Ou você vem no culto porque não tem coisa melhor pra fazer em casa? Creio que cada um que está aqui nesta noite tem um propósito, ouvir e ser edificado pela Palavra de Deus. Mas só isso não basta, precisamos ouvir e praticar a Palavra, e praticar é saber exatamente por que fomos chamados. E aí surge mais uma pergunta: “que vocação é esta a que fomos chamados? 1) Fomos chamados para sermos filhos de Deus, para sermos uma nova criação, uma geração de adoradores e para sermos semelhantes a Jesus. 2) Em Cristo nós somos “chamados”: o chamado ocorreu pelo evangelho. Ser chamado significa mais do que ser salvo. Somos chamados para servir a Deus. Pensemos em Enoque, Noé, Abraão, Samuel, Davi, os Apóstolos.
            Nós somos chamados pela graça, e isso não vem de nós para não nos gloriarmos, Deus nos chama, as vezes em um período especial de nossas vidas, quando menos esperamos, algo nos incomoda tanto, que não suportamos ficar parado em nosso lugar comum que devemos nos mexer. Comigo foi assim à exatos sete anos, deus me chamou pra missão, o que para muitos foi um chamado tardio, eu creio que não, foi um chamado no tempo de Deus, por que eu não acredito naquele ditado “Deus tarda mas não falha”, o Deus que eu creio não é um Deus tardio, Ele age sempre na hora certa, nunca antes e nem depois. Por isso discordo que meu chamado seja tardio, ele precisava de mim maduro, na idade e na fé. E você também neste momento pode estar sendo chamado, a igreja precisa de pessoas para muitos serviços na obra de Deus, são poucos os que se dispõe, e muito é o trabalho.
            E este é um chamado pessoal, Deus nos chama para fazer algo muito especial na sua obra redentora, que só você pode fazer, mas isso não significa que se você não fizer, a obra de Deus fica inacabada, nada disso, Deus levanta outra pessoa em seu lugar, pena, pois quem perde é você. Preguei sobre o chamado de Mateus no domingo de carnaval, este foi um chamado inesperado, e para quem ninguém imaginaria, Levi como era conhecido, um publicado cobrador de impostos, alguém que abandou sua crença judaica para se vender ao inimigo dos judeus. O próprio Apóstolo Paulo foi outro exemplo de chamado digamos impossível, pois foi o mais ferrenho perseguidor de cristão, no entanto Jesus o separou para o seu evangelho aos gentios, em At 13: 2 vemos o Espírito Santo separando Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionário no meio dos gentios. Eu e você estamos sendo chamados para a missão, e missão começa aqui, junto com nossos amigos de trabalho, de escola, de faculdade. Como você tem se comportado diante deles? Eles percebem que você é diferente no meio deles? Ou o seu comportamento é igual ao do motorista da estória que contei no inicio? Nossa missão começa depois do culto, o culto serve apenas pra nos incentivar, nos alimentar, nos revestir com as armaduras de Deus. Como um dia eu vi um crente falando na frente da sua igreja a um amigo que lhe perguntara: “Acabou o culto?” ao que lhe respondeu prontamente: “não, agora é que o culto vai começar, pois preciso praticar tudo que ouvi e aprendi.” Quando é que começa o nosso culto? Ás 19h... Ou quando saímos pela porta do templo pra ir de encontro com o mundo lá fora? O autor do livro “Liderando pela pregação” diz que a experiência da plenitude de Deus também compromete. Quem chegou ao trono de Deus nunca sai de lá sem uma tarefa. Somos preenchidos para podermos passar isso adiante. Somos presenteados para poder presentear. A saída do culto sempre leva para o dia a dia no mundo. Para o cristão que ouve e atende o chamado de Deus, este dia a dia representa missão. Meu desejo é, que depois de ouvir o chamado de Deus, preenchido pela Sua graça, possamos sair daqui esta noite praticantes da Palavra, esta é a nossa missão como igreja, mas acima de tudo como cristãos que somos.
            Que Deus nos abençoe, nos de coragem e animo dobrado para ouvir e cumpri aquilo pelo qual cada um de nós foi chamado, praticando o maior de todos os dons oferecido pelo Espírito Santo que é o AMOR.
Pregação para o culto do dia 04 de março de 2012, ás 19h, na Paróquia Apóstolo Pedro - I.E.C.L.B - Jaraguá do Sul.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DE PUBLICANO A APÓSTOLO


DE PUBLICANO A APÓSTOLO.
Texto principal: Marcos 2: 13-14.
Nesta manhã, onde o mundo comemora a festa da carne, onde muitos jovens se prostituem nas drogas, na bebida e de muitas outras maneiras, num chamado irresistível do inimigo ceifando o caráter, a dignidade, o respeito e o amor próprio de pessoas que atendem a esse apelo e se entregam em um mundo de pecados e orgias, quero trazer aos amados irmãos outro chamado para alguém que era desprezado pelos próprios compatriotas.
                        O Novo Testamento nos relata o chamado dos doze que viriam a ser discípulos de Jesus, e mais tarde obterem o titulo de Apóstolos. Jesus os encontra no concreto do que faziam, no quotidiano de suas ocupações, e é aí no centro de suas vidas, que Ele se faz proposta de qualquer coisa nova. E esta proposta de algo novo vem na contra mão do centro vital onde estão as suas seguranças, as suas certezas, o seu passado e o seu futuro. A estes que cuidavam de seus barcos; ou a Levi, que Jesus também “passando, viu sentado na sua mesa de cobrança de impostos e disse-lhe: segue-me”.
                        Levi como seu nome já diz, era de descendência sacerdotal, da casa de Arão. Porém era dominado pelo dinheiro. Os judeus consideravam os publicanos como traidores.
                        Este foi um chamado divino, único e poderoso. Ele foi dirigido a um apóstata, ou seja, foi dirigido a um homem que abandonou a sua crença, desistiu da sua fé, em outras palavras virou as costas para Deus. Levi trabalhava diretamente para o inimigo dos judeus, os romanos. Creio que este homem cobrava muito mais que o devido e embolsava uma parte pra ele.
                        Quando Jesus o convida para segui-lo, ele esta sentado na coletoria cobrando impostos. Ou seja, esta em horário de trabalho, foi durante o seu expediente. Jesus não esperou acabar o seu expediente pra formular o chamado... Não foi na lata, tipo, é agora ou nunca. Também não foi durante uma pregação, ou depois de um feito milagroso, como foi pra Pedro e os outros pescadores. Foi algo totalmente inesperado, creio que até os seguidores de Jesus se assustaram com o que Jesus pronunciou e para quem foi dirigido o chamado.
                        Este convite tem, para Levi, duas coisas muito relevantes, e que precisam ser analisadas profundamente: 1º) Jesus convida Levi a desistir, abandonar o seu negocio rendoso, e 2º) ao abandonar seu negocio rendoso, ele agora iria seguir ao desprezado nazareno.
                        O mais interessante desta história, é que Levi, levanta do seu banquinho, abandona as dracmas e os denários por sobre a mesa e segue Jesus. Simplesmente abandona tudo, deixa tudo pra trás, sem olhar o que ficou atrás de si, como que hipnotizado por aquele homem, vai e o segue.
                        Quero neste momento fazer algumas considerações a respeito deste passo de fé que Levi foi capaz de dar. Supondo ser Jesus uma farsa, um mentiroso, qual dos doze, perderia mais na vida? Naquela época, havia centenas de homens se dizendo serem o Messias prometido, talvez por isso os Sacerdotes, Fariseus e Saduceus duvidavam tanto de Jesus. Mas isso é outra historia, voltemos a Levi. De todos os apóstolos, inclusive o que bichou, apodreceu, Levi seria o principal perdedor nesta história. Todos os outros voltariam as suas profissões de origem, tanto que Pedro logo depois da morte de Jesus voltou pescar.
                        Mas Levi não teria pra onde voltar. Os judeus o odiavam, o consideravam inimigo, um traidor. Os romanos com toda a certeza não devolveriam o seu emprego depois de ter abandonado. Lembram, ele deixou tudo, dinheiro emprego, não deu satisfação pra ninguém. Hoje isso significaria abandono de trabalho.
                        Na hora Levi nem pensou nas conseqüências que o seu ato pudesse causar, os transtornos que lhe causariam tal atitude. Creio que estas coisas só lhe atormentaram quando Jesus foi preso. Ele foi um dos que fugiu amedrontado. A Bíblia não relata àquelas horas agonizantes para Jesus, mas também para Levi.  
                        Penso que Levi acompanhava cada passo com muita atenção. Devia estar pensando que a qualquer momento Deus enviaria anjos para salvar Jesus daquele sofrimento, e tudo voltaria ser como antes e talvez até melhor. Porem, quanto mais o tempo passava pior às coisas ficavam, pra Jesus, e pra Levi, que se via agora cada vez mais abandonado. Pra onde ele iria, o que iria fazer, sem emprego, sem amigos. Mas a esperança ainda existia, apesar de todo o sofrimento de Jesus, Ele ainda estava vivo, e a onde tem vida há esperança. Levi deve ter seguido ao longe os passos de Jesus enquanto lentamente se dirigia para o gólgota. Suas esperanças começaram se perder quando Jesus foi pregado na cruz, e se acabaram, quando ele ouviu o ultimo suspiro de Jesus. Era o fim de uma jornada que ele tinha sido o único perdedor. E agora tudo acabou da única maneira que Levi nunca tinha pensado e nunca esperava que fosse acabar assim. O cara que tinha prometido o reino do Céu, dizia-se filho de Deus, morrer da maneira mais humilhante e ultrajante que homem pode morrer. Levi deve ter pensado: que burro que eu fui, me deixar levar nessa conversa. E agora.
                        O que? Vocês estão escandalizados com isso? Quantas vezes eu e você não pensamos coisas semelhantes? É só as tribulações aparecerem, e lá estamos nós murmurando.
                        Mas vamos pular as murmurações. Você já tentou imaginar a felicidade de Levi quando alguém lhe falou: Irmão venha, o mestre está vivo, Ele ressuscitou.
                        Quero apartir destas considerações, meio utópicas, fazer uma aplicação para nossa vida. Amados, a minha pergunta inicial é: você tem certeza do seu chamado? Creia Jesus já fez um chamado especial pra sua vida. Primeiro Ele disse, como disse a Levi: Vem e segue-me. Isso aconteceu no dia da sua conversão. Depois deste primeiro chamado, Ele vocacionou você para algo que Ele quer que você faça para a obra ser completa. Você sabe o porquê do seu chamado? O que você tem pra deixar pra trás e seguir Jesus, e fazer aquilo pelo qual você foi chamado?
Amados irmãos, Levi não pensou duas vezes pra seguir o Mestre, não pensou nas conseqüências que viriam no futuro, e graças a Deus por isso. A única conseqüência que veio foi que ele teve uma vida totalmente transformada, ele teve uma nova chance de ter uma nova vida. E nós quando resolvemos ouvir a voz de Deus, e atender o chamado de Jesus, é exatamente isso que recebemos em troca.
                        Levi deixou de ser coletor de impostos e em troca ganhou um novo serviço, pescador de homens. Este é o nosso chamado, pescador de homens, e como fazer isso? Anunciando o evangelho em toda a parte, e se preciso for, fale. Pois as nossas atitudes de amor e misericórdia falam mais do que mil palavras. Como cristãos, nós somos os portadores da boa nova, portadores de um tesouro, que devemos repartir com aquele que andam na escuridão deste mundo, que buscam a felicidade em noites mal dormidas, na prostituição, nestas quatro noites de folia do carnaval. Mas quando chegar a quarta feira a realidade volta, e eles continuam na escuridão, e descobrem que a luz que eles viam brilhar era dos holofotes da avenida que se apagou assim como a sua felicidade.
                        Levi depois chamado Mateus nos deixou um legado, alem é claro do seu evangelho, que nas palavras de Jesus nos dizem: Ide por todo mundo e fazei discípulos. Este é o nosso chamado.
                        Que Deus nos abençoe, nos de força e longo animo pra cumprirmos este chamado muito especial, que é pra mim, mas também é pra você.      

Pregação na Paróquia Apostolo Pedro, Jaraguá do Sul,
19 de fevereiro de 2012.
Culto: 9h.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CONHECER AO SENHOR.



Texto principal: Oseias 5: 15 – 6: 6.
“Então voltarei ao meu lugar até que eles admitam a sua culpa. Eles buscarão a minha face, em sua necessidade eles me buscarão ansiosamente. – Venham, voltemos para o Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos trará a cura, Ele nos feriu, mas sarará as nossas feridas. Depois de dois dias Ele nos dará vida novamente; ao terceiro dia nos restaurará, para que vivamos em sua presença. Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como o sol nasce, Ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra. – ‘Que posso fazer com você, Efraim? Que posso fazer com você Judá? Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo evapora. Por isso eu os despedacei por meio dos meus profetas, e os matei com as palavras da minha boca; os meus juízos reluziram como relâmpagos sobre vocês. Pois desejo misericórdia, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocausto’.” 
         O profeta Oséias é de uma particularidade interessante, pra não dizer espetacular... Ele poderia ser chamado o profeta do amor. Pois soube como ninguém se entregar ao amor de sua esposa, mesmo ela sendo infiel, lhe devotou toda a sua paixão sem querer retribuição.
         Mas o que pretendo expor nesta noite como tema principal desta pregação é: Conhecer ao Senhor. Creio que este tema é muito propicio para os dias que estamos vivendo, pois há em nosso meio, pessoas chamadas “evangélicas”, e me desculpem o comentário maldoso, mas tenho visto que rotular-se como evangélico hoje em dia, infelizmente não é mais identificar-se como cristão como era em décadas passadas.
         Muitos afirmam crer em Deus e em seu Filho Jesus Cristo, mas suas obras acabam por demonstrar o contrario, isto é, a falta de conhecimento de Deus e falta de temos a Jesus Cristo. Uma igreja só pode crescer apartir do instante que a comunidade passa a interessar-se em conhecer ao Senhor e obedecer a Sua Palavra.
         Quero me aprofundar mais neste tema, através da leitura proposta e trazer aos amados irmãos algumas coisas que aprendo e me ajudam a conhecer mais ao Senhor e obedecer a Sua Palavra.

1º - Deus aguarda o arrependimento do povo:
O nosso texto diz que o povo não demora em buscá-lo, mas não mostra uma mudança de coração profunda. Ao invés de pensar principalmente como feriram o Senhor com os seus pecados abomináveis, eles apenas querem uma saída para o seu sofrimento. E nós... Quantas vezes não agimos assim no meio das aflições? Quantos de nós em meio ao sofrimento não clamamos a Deus pêra nos tirar dele? Creio que nunca nos lembramos, em meio ao sofrimento, de nos perguntarmos, onde erramos, qual é o nosso pecado que feriu Deus e provocou a sua ira e desgosto contra nós?
         O livramento do sofrimento é um motivo válido para empurrar o pecador ao arrependimento. Deus muitas vezes usa o sofrimento para disciplinar, e convida o pecador a voltar para Ele, e para se livrar dessas conseqüências, vale aqui considerar o exemplo do filho pródigo em Lc 15: 11-32. Mas vale ressaltar que, o remorso precisa nos levar ao reconhecimento do pecado como uma afronta pessoal contra Deus, Paulo nos diz em 2Co 7:10: “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim a um arrependimento que leva a salvação, e a tristeza segundo o mundo produz a morte.”
         O povo de Israel e de Judá voltaria ao Senhor para receber os benefícios imediatos. A atitude deles é descrita  em Os 6: 1-3: Deus nos castigou e nos curará, voltando para Ele hoje, Ele já restaurará as bênçãos em dois ou três dias.
         O verso 3 deixa bem claro que, para que Deus se volte pra nós é preciso conhecer o Senhor, esforçar-se ao máximo para conhecê-lo mais e melhor. Este é o conceito fundamental de Oséias e o nosso versículo chave para esta noite.
2º - Para conhecer ao Senhor, nosso arrependimento precisa ser verdadeiro: O povo acuado, no “sufoco”, busca a Deus, aparentando verdadeira conversão. Mas o Senhor não se deixa enganar por uma conversão superficial e momentânea. Deus quer uma mudança verdadeira e radical de vida. Um compromisso capaz de transformar a sociedade e estabelecer seus parâmetros de justiça. Deus quer que seu povo o conheça, isto é mais importante do que sacrifícios e ritos. Deus reconheceu a insinceridade deste “arrependimento” e comparou o amor do povo com a nuvem da manhã ou com o orvalho da madrugada. Dura pouco tempo. E isso muitas vezes acontece conosco. Quantas vezes depois de cometer um erro, nos prostramos, pedimos perdão, para logo em seguida voltar a cometer o mesmo erro. Nossas atitudes e o nosso falar é como dizia uma musica da minha juventude “sou como nuvem passageira que com o vento se vai”. Deus quer de nós conhecimento, não sacrifícios e holocaustos. Sacrifícios e holocaustos serviam para aplacar a ira de Deus quando o povo pecava. O conhecimento serve para evitar a iniqüidade e suas conseqüências. Vamos ver o capitulo 4: 6 de Oséias: “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos.” Também em 1Sm 15: 22 nos diz: “Samuel, porem, respondeu: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que sacrifício, e a submissão é melhor do que gordura de carneiros.” Podemos entender esta atitude de Deus fazendo uma simples comparação com pais e filhos. Quando um filho desobedece e volta aos pais para pedir desculpas, os pais perdoam. Mas, todos os pais preferem que os filhos obedeçam para não terem a necessidade de pedir perdão.
3º - O verdadeiro conhecimento de Deus abrange comunhão com Ele e com os irmãos: e isso nos leva a fé, obediência a sua palavra e uma vida de louvor e adoração, de total dependência a Ele. Ou, resumindo, uma vida de relacionamento pessoal com Ele. O povo é acusado de não “conhecer a Deus”. Recebe tal denuncia por estar vivendo afastado da fidelidade e do amor de Deus. No verso 3, Deus demonstra poeticamente seu desejo de abençoar tal povo, porem, sua infidelidade os impediu de atender tal apelo. O profeta Oséias ressalta nesta passagem que o segredo de estabilidade e crescimento sadio do povo de Deus está em “conhecê-lo profundamente”. E esse desejo de Deus, ainda existe para nós hoje, basta você ler Mt 9:13, 12:7 e 2Pe 3:18. E você tem procurado conhecer a Deus? (experiência em Petrolina?)
         Para finalizar, a mensagem de Oséias proclama que:
a)    O reinado de Deus abarca os povos e seus movimentos e as pessoas e seus relacionamentos. Não há, pode-se dizer, nenhuma área de sua criação que não seja do seu interesse.
b)    Tanto assim que Ele entra nesse cenário. As metáforas que o profeta aplica a Deus são ameaçadoras como leão que despedaça a presa (Os 5:14 – 6:1), podridão, traça (5:12). Deus se faz presente nesse processo de destruição e destrói a arrogância do seu povo.
c)    Mas esse Deus restaura para vida a quem destruiu.
É importante observar que, ao aplica a metáfora do furor, ira e destruição a Deus, a mensagem traz um elemento altamente diferencial em relação às experiências humanas. O amor, a fidelidade prevalecem na ira. Esse Deus que reergue o seu povo é o Deus que ama a fidelidade duradoura (6: 6) e não efêmera como a neblina da manhã, (6: 4). Por isso, o que Ele quer é a misericórdia (fidelidade pactual, de aliança), o conhecimento Dele, a comunhão com Ele e não apenas sacrifícios. A essência da oferta de ação de graças e louvor é a entrega da pessoa, da comunidade à fidelidade e ao amor que caracterizam Deus, isto é a comunhão (para que Ele habite em nós e Nós Nele).
         O verdadeiro crescimento cristão deve, como em todas os aspectos da ética revelada pela palavra de Deus, ser equilibrado, santo e abranger dois aspectos distintos: o crescimento na graça e no conhecimento.


Culto na Paróquia Apostolo Pedro – Jaraguá do Sul – SC – dia 05 de fevereiro de 2012 às 19h.      

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O QUE É PECADO?



Texto principal: Isaias 59: 1-2;
Textos auxiliares: Rm 13: 8-10; Jr 17: 1.
“Vejam! O braço do Senhor não está tão encolhido que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir.
Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto Dele, e por isso Ele não os ouvirá.”

         O que tenho percebido nestes últimos anos, é que existe uma grande preocupação de Pastores de várias denominações em pregar apenas bênçãos, promessas e prosperidade, não que isto também não seja uma vontade explicita de Deus para cada um de seus remidos. Mas a Bíblia também esta repleta repreensões, alertas para o cuidado com as tentações que podem nos levar ao inferno, se você prestar atenção, Jesus nos alerta muito mais ao perigo do inferno, do que fala sobre o paraíso. E o que mais rodeia os cristãos é a tentação ao pecado. Alguns cristãos ainda fazem divisões do pecado: isso é pecadinho, sem muitas conseqüências, este é um pecado esse já acende uma luz de perigo, cuidado irmão... Este é pecadão, este necessita de muita oração e jejum, boca no pó meu irmão...
Mas eu creio que Deus não classifica pecados, para ele pecado é pecado, e todos necessitam de oração, jejum, boca no pó e um clamor com lágrimas pelas misericórdias de Deus para alcançar graça e perdão.
         No texto de nossa meditação, Isaias nos alerta para os perigos de nos voltarmos contra Deus através do pecado. Não sei se os amados irmãos já sentiram a impressão de que Deus está indiferente às nossas orações, como se Ele de repente deixasse de nos escutar? Quando isso acontece em nossas vidas é aquela famosa luz dando um alerta para nós. Mas afinal o que é pecado? Nós poderíamos ficar aqui horas e horas citando tudo o que consideramos pecado, e mesmo assim ainda não teríamos dito tudo. Eu quero me deter em apenas três pontos que para mim é o ponto de partida para entendermos o que é pecado.
1º: Transgressão da lei: em particular a lei moral, resumida na lei do amor que permanece como norma para o povo de Deus. Em Rm 13: 8-10, Paulo nos diz: ”Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei. Pois estes mandamentos: ‘não adulterarás’, ‘não matarás’, ‘não furtarás’, ‘não cobiçarás’, e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei.” Para quem pensa que o pecado esta na ação desferida ao outro, está equivocado, o pecado nasce em nossos pensamentos, passa para o coração e daí para ação é um pequeno passo. É no pensar que o pecado é gerado, portanto amados irmãos, cuidado com vossos pensamentos para que eles não te façam cair em tentação.      
2º: Uma divisória entre Deus e os homens: a verdadeira sabedoria é um aspecto da graça salvadora de Deus e pode-se chegar a um ponto sem retorno para aqueles que a rejeitam. Aqui coloco ainda mais um aspecto de sabedoria, para aqueles que se acham sábios ao ponto de estarem acima do bem e do mal. Quando há a rejeição da sabedoria de Deus, nos colocamos auto-suficientes que a nossa própria sabedoria nos basta. Essa verdade reforça a urgência da mensagem. Ninguém pode esperar o favor de Deus e ao mesmo tempo desprezar as dádivas que ele oferece, ou seja, quando se recebe algo das mãos de Deus e pensa que aquilo é pouco pelo muito que você tem feito pela obra, pelo muito que você tem orado e jejuado.
3º: Uma cicatriz em nossos corações: o livro de Jeremias também nos faz uma exortação nesse sentido, no cap. 17: 1 nos diz: “O pecado de Judá está escrito com estilete de ferro, gravado com ponta de diamante nas tábuas dos seus corações e na ponta de seus altares.” O povo de Judá havia se desviado de modo tão terrível, que seus pecados estavam gravados não somente em seus corações, mas também em seus altares, para que Deus pudesse se lembrar de cada um desses pecados. Essa palavra me coloca em alerta, pois fico pensado quais pecados tenho cometido contra Deus, sem ter pedido perdão, que ainda O fazem lembrar cada um deles, e como conseqüência tem me afastado e deixado uma cicatriz em meu coração.
         Amados irmãos, creio que devemos ouvir atentamente esta exortação de Deus através do profeta Isaias, pensar profundamente em nossas atitudes, de amor pelo nosso próximo, de ouvir mais o que Deus tem nos falado através de seus servos, e aceitar as bênçãos de Deus para nossas vidas, assim como identificar todos os nossos pecados que nos afastam de Deus, fazendo com que Ele não mais nos escute e nem mais nos alcance com seu braço.

domingo, 18 de dezembro de 2011

TENHA A ALEGRIA DE VIVER

Textos: NE 8: 1-10; Rm 6: 1-4.
Introdução: Ao ler e refletir nestas duas passagens bíblicas, algumas coisas me fazem buscar mais profundamente o que Deus quer falar ao meu coração, e desta maneira, procurar transmitir com mais clareza para todo aquele que anseia por gravar as Palavras do Senhor Deus em seus corações e praticá-la em sua vida.
1. O ANSEIO PELO LIVRO: percebo em primeiro lugar, que havia uma disposição de considerável receptividade, não somente na vinda do povo em multidões, como no seu pedido no sentido do Sacerdote e escriba Esdras ler as escrituras diante deles. Assim espero eu que esta mesma disposição todos vocês tenham para o que Deus tem para nos dizer nesta noite. O interessante neste texto que também me chamou a atenção foi no fato de que este evento, tão importante não se deu no pátio, ou até mesmo dentro do templo, como era de costume, mas foi num centro de vida da cidade. E a própria lei insistia que a sua voz não devesse estar confinada ao santuário, mas, sim, ouvida nas casas e nas ruas.
2. A COMPREENSÃO CORRETA DO LIVRO: O tema principal de Neemias, assim como do livro de Esdras, é que Deus opera soberanamente por meio de agentes humanos responsáveis a fim de realizar o seu propósito redentor. O autor desenvolve este tema em Neemias com atenção especial à reconstrução e edificação das muralhas defensivas de Jerusalém e à reconstituição de todo o povo de “Israel” em seu relacionamento com Deus baseado na aliança. Quero fazer um paralelo deste relato em Neemias com a reconstrução do relacionamento entre Deus e os homens, e o que isso representa em nossas vidas.
• O povo estava chorando enquanto ouvia as palavras da lei. Os motivos deste choro, eu destacaria três: 1) Porque quando Deus começa a nos reconstruir sentimos a dor das feridas do pecado. 2) Em uma reconstrução sempre haverá entulhos para ser jogado fora: que entulhos, em nossa vida precisam ser eliminados. 3) Deus, através de Seu Filho Jesus, é o único que é capaz de remover os entulhos e nos dar uma nova vida.
• Este versículo que lemos, nos trás três dimensões para se estudada:
• Jesus morreu pelo meu e pelo seu pecado;
• Na cruz Jesus assumiu toda a nossa culpa;
• Assim Jesus nos livrou de toda a condenação.
Então Neemias diz: “Podem sair, e comam e bebam do melhor que tiverem, e repartam com os que nada têm preparado. Este dia é consagrado ao Nosso Senhor. Não se entristeçam porque a alegria do Senhor os fortalecerá.” E a pergunta que agora é: Qual é a alegria de viver?
• Saber que Deus se importa comigo, apesar dos meus pecados;
• Saber que Deus quer reconstruir um relacionamento comigo;
• Ter a certeza que só com Jesus eu posso alcançar a verdadeira salvação.

A LEI E A GRAÇA

Texto principal - Gl 3: 15-25.
A Lei não pode invalidar a promessa:
Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa.
Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: aos descendentes, como se falando a muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.
E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio 430 anos depois, não pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.
Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuita a Abraão.
Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela Mão de um mediador.
Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
É, por ventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar a vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei.
Mas a escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse à promessa concedida aos que crêem.
Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fossemos justificados por fé.
Mas, tendo vindo à fé, já não permanecemos subordinados ao aio.


- Aqui o apóstolo Paulo continua expondo “a verdade do evangelho”, quer dizer que a salvação é um dom gratuito de Deus, recebido por meio da fé no Cristo crucificado, independentemente de qualquer mérito humano. Ele esta enfatizando isto porque os judeus não conseguiam aceitar o principio da “fé somente”. Eles insistiam em que os homens tinham que contribuir com alguma coisa para a sua salvação.
Assim, acrescentavam à fé em Jesus “as obras da lei” como outro fundamento essencial para o individuo ser aceito por Deus.
A maneira como Paulo apresenta o plano divino da salvação gratuita vem do Antigo Testamento. A fim de entender o seu argumento e sentir a sua força temos que captar tanto a historia quanto a teologia que se encontram por trás do seu raciocínio.
a). A historia:
Vamos voltar lá para o A. T., mais precisamente para Abraão, e daí para Moisés, que viveu alguns séculos mais tarde. Embora seu nome não apareça aqui, mas com toda a certeza Moisés é o “mediador” citado no verso 19.
Vamos recordar então, peço que os amados irmãos me ajudem:
- Onde Abraão morava quando Deus o Chamou? Ur dos Caldeus
- Qual foi à promessa de Deus a Abraão? Daria-lhe uma semente, ou prosperidade, numerosa. Que daria a ele e aos seus descendentes uma terra e que em sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas.
O versículo 17 refere-se a um período de 430 anos, o qual corresponde não somente ao tempo entre Abraão e Moisés, como também o tempo de escravidão do povo de Israel no Egito. Finalmente séculos depois de Abraão, Deus levantou Moisés, e através deste libertou os israelitas da escravidão e deu-lhes a lei no Monte Sinai. Em resumo esta é a historia que liga Moisés a Abraão.
b) A Teologia:
A forma como Deus lidava com Abraão e Moisés fundamentava-se em dois diferentes princípios. A Abraão Deus deu uma promessa (...Vai para terra que te mostrarei... Te abençoarei... etc.). A Moisés, porém, deu uma lei resumida aos 10 mandamentos. Qual é a diferença entre estes dois princípios?
- Na promessa a Abraão, Deus disse: “mostrarei... farei... abençoarei...”, mas na lei de Moisés Ele disse: “Não... não... não”.
A maneira de Deus lidar com Abraão encaixava-se na categoria da “promessa”, da “graça” e da “fé”. Mas a forma como Ele lidava com Moisés encaixava-se na categoria da “lei”, dos “mandamentos” e das “obras”.
Então Paulo vai dividir o assunto em duas partes: os versos de 15 a 18 são negativos, ensinando o que a lei não é, ou seja, que ela não anulou a promessa de Deus. Dos versos 19 a 22 são positivos, ensinando o que a lei é, que dizer, que a lei iluminou a promessa de Deus.
1) A lei não anula a promessa de Deus:
O apóstolo inicia o verso 15 dizendo: “... falo como homem”, dando um exemplo humano. Podemos até mudar esta sentença para: “sirvo-me de uma comparação de fácil entendimento”. Esta comparação podemos extrair do reino das promessas humanas, não de um contrato comercial, mas de um testamento, que hoje chamamos de “o ultimo desejo” .
O ponto que Paulo destaca é que os desejos e as promessas expressos em um testamento são inalterados. E certamente não pode ser alterado por ninguém depois que o testante já morreu. Seja qual for o antecedente legal exato, e aqui está o argumento: se o testamento de um homem não pode ser ignorado nem modificado, muito menos as promessas de Deus, que são imutáveis.
Essa era a promessa de Deus. Era livre e incondicional, sem qualquer compromisso. A lei não veio, portanto desfazer a promessa, para realizar um novo pacto no qual o homem precisa fazer para receber. Pois se assim for temos um fardo muito pesado, e se nossa justificação vier pela lei... sinto muito em dizer, mas estamos todos condenados. Muito menos Jesus veio revogar a lei, mas cumpri-la. Aquilo que os judeus usavam como fardo encima das pessoas Jesus aliviou para todos nós, pois não estamos mais debaixo da lei e sim da graça.
2) A lei ilumina a promessa:
A lei tem dois motivos importantes a serem destacados:
a) A lei serve para nos revelar o pecado; em Rm 3:20 “Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”
b) A lei serve para nos afastar do pecado;
- No verso 19, Paulo destaca “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões.”
- Mas devemos tomar muito cuidado, pois cada vez que vamos exortar um irmão ou uma irmã citando um versículo bíblico, pois a primeira chicotada deste verso deve ser sempre pra nós mesmos. Ou seja, este verso deve primeiro falar pra nós, devemos saber interpretar aquilo que vamos falar, e não é preciso ser Bacharel em Teologia, Pastor, missionário ou um grande estudioso da Palavra, pois o Espírito Santo nos dá este entendimento quando abrimos o coração e a mente pra isso. Vou dar um exemplo: quero exortar o meu irmão que deu uma pisada de bola e digo: Meu irmão a Palavra do Sr em Joel 2:12 diz: “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.” A pergunta é: eu entendi o peso da lei que eu coloco nos ombros do meu irmão? Antes, não deveria eu entender exatamente o que este verso quer dizer pra mim, e então dividir o fardo da lei com o meu irmão?
Conclusão;
A exposição de Paulo parece estranha aos nossos ouvidos. Mas ele esta expondo aqui alguma verdades eternas.
Atualmente a igreja precisa de uma filosofia cristã bíblica e histórica. A maioria de nós cristãos está míopes e intolerantes. Vivemos tão preocupados com nossos negócios que nem o passado e muito menos o futuro nos interessa. Precisamos dar um passo atrás a fim de perceber todo o conselho de Deus, o seu propósito eterno para um povo remido para Ele através de Jesus Cristo.
Só depois que a lei nos fere e esmaga é que admitimos a nossa necessidade do evangelho da graça para curar as nossas feridas. Só depois que a lei tiver condenado e matado é que vamos clamar a Cristo por justificação e vida. Só depois que a lei nos tiver humilhado até o inferno é que vamos buscar o evangelho para nos levar até o céu.

O SENHOR te abençoe e te guarde;
O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.