sábado, 21 de abril de 2012

QUANTAS VEZES DEVO PERDOAR?


Texto: Mt 18: 21-35.
É muito importante começar esta predica enaltecendo o muito que devemos a falta de freio na língua de Pedro. Pois sempre uma vez ou outra Pedro soltava a fala e com a sua impetuosidade sempre extrai ensinos imortais da boca de Jesus.
E agora de novo Pedro toma a palavra, e a sua pergunta é: Quantas vezes temos que perdoar um irmão? E ele pensa que é preciso ir bem longe ao encontro dele e estar disposto a perdoá-lo. Os rabinos da época ensinavam que um homem deve perdoar três vezes a seu irmão. E encontravam a prova bíblica da correção desta medida em Amós. Nos primeiros capítulos de Amós se estabelece uma serie de condenações para diferentes nações: Por três transgressões e por quatro (Am 1: 3, 6, 9, 11, 13; 2: 1, 4 6). Então Pedro toma as três vezes rabínicas, multiplica-as por dois, adiciona uma e sugere, muito satisfeito que bastará perdoar sete vezes. Pedro acha que sete vezes seria o numero da plenitude e do limite. Mais que sete vezes não seria necessário – mas Jesus se nega a aceitar esta aparente bondade e nobreza de coração para perdoar sete vezes, pois este numero é humanamente fechado e limitado. Então com uma Palavra cheia de poder e misericórdia Ele quebra esta medida humana. Sete vezes não, mas setenta vezes sete. Isso significa que a medida do perdão não tem limites.
Então Jesus, com geralmente fazia, conta uma parábola a fim de esclarecer melhor esta exigência. Um rei, designado de senhor no restante da parábola, emprestou uma quantia a de seus empregados. Este empregado abre um estabelecimento bancário. A dívida aumentou para uma quantia impossível de ser paga. Dez mil talentos somam aproximadamente 174 toneladas de ouro. Essa dívida é de fato impagável. Apenas para ilustrar o tamanho desta dívida, podemos compará-la com a informação de que o salário anual de Herodes Antipas era de aproximadamente 200 talentos.
O rei desta parábola primeiro assume uma atitude de direito, dando ordens de que o empregado impossibilitado de pagar fosse ele com toda a sua família vendidos como escravos para saldar a dívida. A lei em Êxodo 22: 2 prevê que a venda do devedor como escravo. Mas o rei sabia que o seu compatriota vendido tinha de ser alforriado no sétimo ano, também descrito em Êxodo 21: 2. Então o rei ordena que o devedor e tudo o que ele possui sejam vendidos. Mas o rei comovido pela suplica insistente de seu devedor, resolve libertá-lo, sim, livra-o de toda a dívida. E se nós prestar atenção, é exatamente assim que Deus faz conosco, comigo e com você, que lhe devemos uma soma impagável. Ele nos perdoa a dívida do pecado. E isso é verdade, pois Deus nos amou por meio de Seu filho Jesus. Não apenas uma vez, ou set vezes como sugeriu Pedro, mas milhões de vezes, diária e abundantemente, Deus perdoa nossa gigantesca dívida.
Mas o interessante, que no momento seguinte que foi perdoado, o empregado desta parábola vai e procede completamente contrario com seu colega. Assume diante dele uma atitude legal e, não se importando com as muitas suplicas dele, persiste no seu direito, mesmo se tratando de uma pequena soma de cem denários, ou seja, o equivalente a cem dias de trabalho.
Quantas vezes nós não costumamos ser muito justos com os outros, sempre persistindo na atitude legalista diante deles, suas faltas contra nós sempre são gigantescas e por isso mesmo, imperdoáveis. E através desta parábola Jesus nos mostra como estas nossa atitude contra a reconciliação nos coloca num terrível contraste com Deus. Enquanto desfrutamos intensamente do seu perdão, usufruindo dele numa medida que nem podemos comparar com o que devemos uns aos outros, qualquer ofensa à nossa honra nos deixa tão irados que nada nos acalma e não perdoamos de jeito nenhum. Muito pelo contrario, exigimos os nossos direitos e também pela condenação, como se fossem valores absolutamente necessários. Deus precisa suportar pois não perguntamos em momento algum sobre qual era a Sua opinião, mas nós não suportamos aquele que (do nosso ponto de vista) não dá atenção suficiente para a nossa opinião. Diante de Deus, afirmamos, sem temor, tantas coisas erradas. Mas vingamos qualquer palavra errada de outros sobre nós. Para Deus não temos tempo, nem dinheiro, nem coração. No entanto, quando alguém não nos agradece e não nos concede o amor devido, nos revoltamos e de imediato o consideramos insuportável.
No fim da parábola Jesus, Jesus nos apresenta a consequência dessa falta de compaixão e de disposição para perdoar: Quem não se torna misericordioso com a misericórdia de Deus e não aprende a perdoar a partir do perdão de Deus, desperdiçou a graça de Deus.
Amados irmãos, graça desperdiçada gera condenação. Pois a graça de Deus transforma-se em ira de Deus. Esta palavra de Jesus sobre o perdão mutuo é seria, é seriíssima.
E o que se deve destacar é que nada do que os homens nos façam pode se comparar com o que nós fazemos a Deus, e se Deus perdoou nossas dívidas, nós também devemos perdoar nosso próximo. Nada do que nós temos que perdoar se pode comparar nem de forma vaga ou remota daquilo que Deus nos perdoou.
Fomos perdoados de uma dívida que esta além de todo o pensamento – porque o pecado do mundo provocou a morte do próprio Filho de Deus – e, sendo assim, devemos perdoar aos outros como Deus nos perdoou, ou não podemos encontrar misericórdia alguma.
Missionário Emir Vargas.