Texto: Mt 3: 13-17.
Ajuda-me, Senhor, a
atentar para a tua vontade em todas as coisas e a me consagrar a ti; efetua Tu
mesmo o querer e o realizar, e faze com que meu coração te seja totalmente
santificado. Aceita o meu corpo e o meu espírito como sacrifício. Teu, Senhor,
é tudo que tenho e sou. Amém.
Desde que os homens começaram a
refletir sobre a história dos evangelhos, sempre encontraram dificuldade em
compreender o batismo de Jesus. No batismo de João havia um chamado ao
arrependimento e o oferecimento de um caminho para o perdão dos pecados. Mas,
se Jesus é quem nós cremos que é não precisava arrepender-se, nem necessitava
que Deus o perdoasse. O batismo de João era para pecadores conscientes de seus
pecados, e, portanto, não parecia aplicável a Jesus em nenhum ponto de vista.
O batismo de João atraiu, como
tantos israelitas, como também Jesus vem para ser batizado. Mas o mesmo João
que nos demais casos tinham a convicção de que todos sem exceção precisavam
passar pela confissão de pecados, pela conversão e pelo batismo se quisessem
participar do reino dos céus, agora diz a Jesus: eu é que preciso ser batizado por
você, e você está querendo que eu o batize? Portanto, segundo a opinião
de João, Jesus não tem a necessidade do perdão dos pecados, não precisa
primeiramente tornar-se justo, ele já era justo, a saber, justo a partir de si
mesmo.
A pergunta aqui é: Por
que Jesus deixou-se batizar? Todos nós sabemos da importância do
batismo de João. Ele significava juízo sobre a pessoa culpada. Jesus tinha
necessidade de um juízo? Não, por causa de si próprio Ele não precisava
deixar-se batizar. Jesus submeteu-se ao batismo não somente exteriormente, como
a uma cerimônia, ou para nos dar exemplo, a saber, de que também nós,
precisamos deixar-nos batizar. Jesus sabia que precisava realizar e construir o
que este batismo representa. Jesus esta consciente de que Ele é o Cordeiro
de Deus que leva embora o pecado do mundo. Por isso Ele responde a
João: pois é desta maneira que faremos tudo o que Deus quer.
Por isso Ele desce à mesma água com
os pecadores. Iguala-se a todos nós pecadores.
O batismo de João significa
condenação! Jesus quer suportá-la por todos nós.
O batismo de João significa um grito
de misericórdia!
– Jesus quer abrir o
acesso do trono da graça. Com nitidez, vislumbra no vim de seu caminho a cruz. No
seu batismo Ele assume decididamente essa cruz. – Por isso, o batismo de João
veio a ser, no seu auge, uma clara profecia da morte de Jesus.
Três sinais miraculosos formam a
resposta divina ao batismo de Jesus;
1.
Os céus se abrem;
2.
O Espírito Santo desce;
3.
A voz de Deus fala.
O céu
se abriu:
agora os céus estão novamente rasgados, ou abertos. Abrem-se as regiões que até
então estavam trancadas aos seres humanos. Em Jesus, ficou livre o caminho do
coração paterno de Deus! A terra recebeu de novo o céu. E novamente é possível
ser nascido do céu!
O
Espírito Santo desce: Pergunta: O que significa a transmissão do Espírito
para o próprio Senhor Jesus? – De forma alguma constitui em uma
contradição, como alguns pensam que o Espírito Santo desce no momento do
batismo e que o Senhor Jesus nasceu maravilhosamente lá em Belém pela força do
Espírito Santo. É certo de que Jesus não viveu 30 anos sobre a terra sem o
Espírito Santo. Contudo agora, no inicio da vida publica de Jesus, o Espírito
Santo, que durante 30 anos foi o elo de comunhão entre o Pai e seu Filho
encarnado, entra em um novo tipo de relacionamento. O Pai o ungiu como Rei
mediante o Espírito Santo e simultaneamente como profeta, poderoso em atos e
palavras perante Deus e todo o povo. Em consequência, no caso de Jesus o Espírito
Santo jamais pode ser o Espírito do novo nascimento. Pois Jesus não
precisava de um novo nascimento, com nós precisamos, Ele já era santo desde o
seu nascimento conforme Lc 1: 35 que diz: O Espírito Santo de Deus virá sobre você, e
o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será
chamado de SANTO e Filho de Deus. Aqui o Espírito Santo é compreendido
como instrumentalização
publica para a atividade que Jesus de agora em diante irá exercer.
Agora iniciam os feitos milagrosos e as curas de enfermos.
E o terceiro sinal milagroso
acontecido do céu foi a voz Divina. Através do meio mais
direto, mais pessoal e mais intimo de expressar a comunhão, a saber, pela
palavra, Deus revela ao seu Filho o relacionamento, singular por excelência,
que existe entre ambos. Soa a voz de Deus, abrindo-lhe o que Ele é para Deus, a
saber, o amado, amado como um Filho único só pode ser amado pelo pai, e
revelando o que o Filho por isso é par o mundo, a saber, o instrumento do amor
de Deus pelas pessoas. O envio do Filho tem a finalidade de elevá-las à
extraordinária dignidade de filhos de Deus.
E para concluir, que contraste entre o
inicio e o fim deste capítulo! Lá no inicio, as mais duras palavras de
condenação de João Batista, aqui no final o Cordeiro de Deus, que tomou sobre
si todo o juízo ao deixar-se batizar no lugar dos pecadores. Lá no inicio a lei
– aqui o evangelho, a boa nova; lá o juízo, aqui a graça.