quinta-feira, 21 de abril de 2011

JESUS O VERDADEIRO SUMO SACERDOTE.

Texto principal: Hb 4: 14 – 5: 10
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
1 porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados,
2 e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo é rodeado de fraquezas.
3 E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo.
4 Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.
5 Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu é meu filho, eu hoje te gerei;
6 como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lagrimas, orações e suplicas a quem podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
8 embora sendo Filho, aprendeu, a obediência pelas coisas que sofreu
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da Salvação eterna para todos os que lhe obedecem,
10 tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

ENTENDENDO A EPÍSTOLA DE HEBREUS:
Hebreus é um livro intrigante e poderoso. Não sabemos quem o escreveu, nem onde moravam e quem eram exatamente as pessoas para as quais foi, originalmente, escrito. Porém, sua mensagem nos conduz às profundezas de Deus e nos aponta os princípios fundamentais do discipulado cristão.
Creio que o seu autor é essencialmente um pregador, totalmente dedicado a Deus e com preocupação pastoral por uma comunidade em crise. Mas a sua paixão é expressa através de uma obra cuidadosamente estruturada e redigida. Tanto a mente quanto o coração estão comprometidos.
A introdução deste sermão declara que o Filho de Deus é “o resplendor da gloria de Deus e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1:3). E em Hb 2:14 diz que o Filho de Deus se tornou “carne e sangue”, naquele que conhecemos como Jesus, expressando assim o desejo e o compromisso de Deus de encontrar-se conosco onde nós estamos e nos levar à gloria da sua presença. Essa verdade transformadora deve ser um impulso à fé e à esperança, mesmo que as circunstancias nos levam aos limites da resistência.
O tema principal do autor é Deus e sua missão de salvação. A linguagem e as analogias usadas tem muito a ver com o culto e o nosso meio de acesso a Deus. Em tudo isso, Jesus tem um papel fundamental. Para o autor de Hebreus, olhar firmemente para Jesus significa contemplar a vida e a natureza de Deus.


ENTENDENDO O TEXTO
Dito isso precisamos entender algumas coisas que eu creio serem importantes para traçarmos um estudo mais profundo deste texto, e então tirarmos lições importantes para nossa vida e nossa caminhada de fé.
Primeira coisa que devemos definir e entender e o que é e o que representava (ou representa) um sacerdote? – Sacerdote é aquele que faz ou ministra sacrifícios a Deus entre os hebreus. Os gentios também o chamavam de sacrificador. Antes de considerar os vários aspectos bíblicos do sacerdote, é necessário mostrar quais as características essenciais do sacerdócio. O que, na qualidade de sacerdote, ele devia fazer que nenhum outro pudesse realizar sob quaisquer circunstancias? A definição mais exata esta em Hb 5:1: o sacerdote é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens. Isso significa que ele apresentava coisa, dons e sacrifícios ao senhor, ofertas dos homens a Deus.
O ato do sacerdote, na sua obra para Deus, é sempre acentuado na Escritura (Ex 28:1; Ez 44:16; Hb 7:25). No tempo dos patriarcas, o chefe da família ou tribo atuava como sacerdote, representando sua família diante de Deus, como foram Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Na época do Êxodo, havia israelitas que possuíam o direito do sacerdócio e o exerciam; mas tornou-se necessário designar uma ordem especial para desempenhar os deveres sacerdotais, sendo a tribo de Levi a escolhida para tal. Dessa tribo, saíram os sacerdotes “araônicos”, mediadores entre o homem e Deus. Os filhos de Arão eram sacerdotes, a não ser os excluídos por alguma incapacidade legal. Assim o sacerdócio atestava a vida pecaminosa do homem, a santidade de Deus e, por conseqüência, a necessidade de haver certas condições para o pecador poder se aproximar da divindade. O homem deveria ir até Deus por meio de sacrifício e estar perto de Deus pela intercessão.
Neste texto algo que me chamou muito a atenção, e que precisou também um estudo mais profundo, foi a citação de um tal Melquisedeque nos versos 6 e 10. Minha pergunta foi: quem foi esse Miquesedeque? Minhas versões me levavam para o Sl 110:4 que diz: “O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” Procurando referencias neste Sl retornava para os versículos citados e ainda para Hb 7:1-3. O que me intrigava era de onde estes autores tiraram este nome. Desculpem-me os teólogos e os leitores assíduos da Bíblia, mas eu não fazia idéia de onde vinha este nome, e nem lembrava se algum dia eu tivesse lido sobre este cara. E graças a Deus isso fez com que mais uma vez eu fosse pesquisar, fuçar, e aprender mais nas Escrituras, pois este nome tinha que estar por lá em algum lugar, uma coisa eu tinha certeza: eu iria encontrar este nome entre Genesis e Apocalipse. Graças a Deus não precisei ler muitos livros, pois encontrei a única e pequena citação de Melquisedeque em Gn 14; 18-20 que diz: Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pães e vinho; era sacerdote do Deus altíssimo; abençoou e Abraão disse: bendito seja Abraão pelo Deus altíssimo, que possui os céus e a terra; bendito seja o Deus altíssimo que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E tudo lhe deu Abraão o dizimo.
Já vimos que na época dos patriarcas não existiam sacerdotes designados, então como aparece este homem que a Bíblia diz que era rei e sacerdote? E porque Abraão lhe dá o dizimo? Esta é a única aparição do misterioso rei/sacerdote de Salém (provavelmente Jerusalém; o nome significa “paz”). Melquisedeque, na tradução do hebraico, significa rei de justiça. Em Hb 7, o autor entende que Melquisedeque era maior que Abraão, pelo fato de ele tê-lo abençoado, e o dizimo oferecido a ele por Abraão reflete o respeito de Abraão por Melquisedeque como sacerdote do Deus verdadeiro. Mas o texto de Gn não informa qual a autoridade ou ancestrais e descendentes tinha Melquisedeque, coisas extremamente importantes para qualquer homem que reivindicasse realeza ou status sacerdotal. Por isso que seu duplo papel de rei e sacerdote levou autores considerá-lo um prenuncio do Messias. Esse ponto é tratado de modo amplo em Hb 7: 1-10, em que a relação entre Melquisedeque e Cristo, como tipo e antítipo, se da nas seguintes particularidades: a) ambos são sacerdotes, mas não segundo a ordem levitica; - b) os dois tem superioridade sobre Abraão; - c) não se conhece seu principio e seu fim; - c) não são apenas sacerdotes, mas também são reis de paz e justiça.
CONCLUSÃO:
No Novo testamento, as poucas passagens nos Evangelhos em que ocorre a palavra “sacerdote” referem-se apenas ao sacerdócio judaico. Em relação ao cristianismo, o termo “sacerdote” nunca é aplicado senão a Jesus Cristo. No Novo Testamento, as funções sacerdotais, ligadas ao sacrifício e a intercessão, acham-se frequentemente relacionadas a Jesus Cristo, conforme lemos em Mt 20: 28; Rm 8: 34 e também em AP 1: 5. Porem somente aqui na Epístola aos Hebreus, essas funções lhe são atribuídas como sacerdote. O sacerdócio de Cristo é a nota principal da Epístola aos Hebreus e mostra a diferença entre a imaturidade e a maturidade espiritual. Os que conhecem Jesus Cristo como Salvador têm conhecimento elementar dele como Redentor; mas os que O conhecem como Sacerdote são conhecedores de maior conhecimento e experiências. A redenção é, em grande parte, negativa e implica livramento do pecado; contudo, o sacerdócio é inteiramente positivo, envolve o acesso a Deus. Os cristãos hebreus conheciam a Cristo como Redentor, mas deviam conhecê-lo também como Sacerdote, que oferece a oportunidade de um livre acesso a Deus em todos os tempos. Esse sacerdócio de Cristo está associado ao de Melquisedeque, um sacerdócio misterioso mencionado em Gn14: 17ss e recordado posteriormente no Salmo 110. O argumento de Hebreus é que, pelo Salmo ter mencionado um sacerdócio diferente do de Arão, alguma coisa superior a esse sacerdócio era necessária. O sacerdócio de Melquisedeque é utilizado para explicar a pessoa divina do sacerdote, com sua obra ilustrada pelo sacerdócio araônico, já que não havia uma obra sacerdotal em conexão com Melquisedeque. O Sacerdócio de Cristo é considerado estável e eterno, jamais delegado a qualquer outra pessoa, pois o sacrifício de Jesus é superior aos sacrifícios do Antigo Testamento, porque este sacrifício de Cristo ele é completo, é espiritual e totalmente eficaz para a redenção. Assim o sacerdócio de Cristo nos ensina a grande verdade de que o cristianismo é a “religião do acesso”; e comprova-se isso na exortação do “Aproximai-vos”.
Em Cristo, todos os crentes são sacerdotes. O ministro do evangelho, distinto do leigo, nunca é mencionado no Novo Testamento como sacerdote, mas como Presbítero ou Ancião, palavras comum a idéia inteiramente diferente. Em referencia aos crentes, mesmo o sacerdócio nunca esta associado aos cristãos individuais, mas à sua coletividade: “Sacerdócio Santo” citado em 1 Pe 2:5, a verdade fundamental sobre o sacerdócio é: o cristianismo é um sacerdócio, porem sem um sacerdote que não seja Ele: Jesus cristo.
Assim como os Hebreus foram exortados nesta Epístola, sejamos nós exortados também, reconhecendo e aceitando a Jesus, não somente como nosso redentor, mas acima de tudo o nosso verdadeiro e único Sacerdote que se fez sacrifício único e eterno para nossa salvação. A nossa parte é essa aceitação plena, pois só assim teremos o acesso ao santo dos santos onde se encontra o nosso Deus Todo Poderoso, e só poderemos entrar neste lugar se deixarmos o Sacerdote eterno Jesus nos conduzir.