Aprendendo com o sofrimento
de Jesus.
Texto:
Hb 5: 7-10.
Depois do autor de Hebreus citar as qualidades do Sumo
Sacerdote, agora ele passa a demonstrar como cumpre Jesus Cristo as grandes
condições do sacerdócio.
Em primeiro lugar, considera que Jesus não escolheu sua
missão. Deus o escolheu para ela. A vocação acontece antes da encarnação,
contudo entra em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na
ressurreição e ascensão. Por ocasião de sua encarnação. Jesus submete-se
inteiramente às ordens de Deus conforme lemos em Jo 5: 19: Então Jesus disse a eles: Eu
afirmo a vocês que isto é verdade: o Filho não pode fazer nada por sua própria
conta, pois ele só faz o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz o filho faz
também. No batismo, Jesus ouviu a voz que lhe dizia: “Você
é meu filho; hoje eu me tornei seu pai”. (Sl 2: 7b).
Em segundo lugar, Jesus atravessou pelas experiências
mais amargas dos homens e entende a humanidade em toda a sua fortaleza ou fraqueza.
Assim como o sumo sacerdote do AT, assim também Cristo, enquanto Sumo Sacerdote
do novo povo de Deus, ofereceu sacrifícios. Todo o tempo de sua vida, toda a
trajetória terrena de Jesus foi um sofrimento, uma caminhada ao sacrifício.
Neste texto, porem, tem-se em mente especialmente o acontecimento do Getsêmani,
a luta de oração de Jesus e a sua morte na cruz do gólgota. Jesus ofereceu orações
e suplicas. O autor de Hebreus tem quatro grandes pensamentos sobre
Jesus.
a) LEMBRA JESUS NO GETSÊMANI: Pensa
nisso quando fala de suas preces e súplicas, de suas lágrimas e seu clamor. Na
sua oração Jesus sacrificou sua própria vontade. Ele sabia: Deus era o único em
cuja mão estava a sua vida e que teria podido mudar a sua via de paixão. Porem
ele ora: Meu Pai, se este cálice de sofrimento não pode ser afastado de mim sem
que eu o beba, então que seja feita a sua vontade. (Mt 26: 42b). A
palavra usada para clamor tem muito significado. O termo grego krauge
designa esse clamor que o homem não tenta expressar, mas sim arranca quase
involuntariamente de seu ser pela angustia e agonia de alguma tremenda tensão
ou dor dilacerante. De modo que, o autor de Hebreus diz que não existe agonia
do espírito humano pela qual Jesus não tenha passado. Os rabinos tinham dito: Há
três tipos de suplica uma mais elevada que a precedente: oração, clamor e
lagrimas. A oração faz-se em silencio; o clamor em alta voz; mas as lágrimas
superam tudo. Jesus conheceu até a oração desesperada das lagrimas.
b) JESUS APRENDEU DE TODAS AS EXPERIÊNCIAS HUMANAS
pelas que aconteceu as enfrentou a todas com reverencia. O autor de Hebreus descreve a trajetória de
sofrimento do Senhor com palavras que destacam a verdadeira natureza humana de Jesus.
ele realmente foi tentado de todas as maneiras como nós (Hb 4: 15). Contudo,
acima do caminho mais difícil que Jesus teve de andar, o caminho pelo Getsêmani
até a cruz, paira um brilho da glória divina.
Deus fala com o homem nas múltiplas experiências da vida
e não menos nas que põem à prova o intimo do coração e da alma. Mas só podemos
escutar esta voz de Deus quando com reverencia aceitamos o que nos ocorre. Se o
aceitarmos com ressentimento, então os gritos rebeldes de nosso próprio coração
nos fazem surdos à voz de Deus.
c) ATRAVÉS DAS EXPERIÊNCIAS QUE PASSOU. O filho de Deus teve de aprender a
obedecer. Essa obediência levou-o à paixão – até a morte de cruz. O próprio
Jesus entendeu seu itinerário na terra como obediência perfeita. Em Jo 5: 30
Jesus afirma: Eu não posso fazer nada por minha própria conta, mas julgo de acordo
com o que meu Pai me diz. O meu julgamento é justo porque não procuro fazer a
minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. O que diz o
autor de Hebreus é que as experiências e sofrimentos pelos quais Jesus passou o
capacitaram perfeitamente para chegar a ser o salvador e redentor dos homens.
Foi capaz de salvar os homens porque passou por todos os vales tenebrosos da
vida pelos quais deve passar o espírito humano. Com esta afirmação, visa
também, alertar os fiéis de que também a igreja pode ser aprovada pela
obediência unicamente através do sofrimento, sendo assim aperfeiçoada.
Obediência pratica significa, nessa situação, não recuar nem mesmo no
sofrimento, porem perseverar no testemunho a Jesus.
d) A SALVAÇÃO QUE JESUS BRINDA É UMA
SALVAÇÃO ETERNA. Somente pela via da paixão e da morte Jesus pôde
conquistar a nossa salvação. Após sua consumação, é, mediante sua ressurreição
e ascensão, Ele tornou-se o autor da salvação eterna. É algo que salva o homem
no tempo e na eternidade; algo que assegura ao homem na vida presente e em toda
á vida possível. Com Cristo o homem está salvo para sempre. Não há
circunstancias concebível ou inconcebível que possa arrancar o homem da mão de
Cristo. A palavra profética do AT cumpriu-se: Jesus é Grande Sacerdote, na ordem do
sacerdócio de Melquisedeque.
CONCLUSÃO: Jesus ofertou orações,
suplicas e lágrimas, ele sacrificou a sua vontade a Deus, sacrificou a sua
própria vida. Jesus tornou-se pelo sacrifício da sua vida o Sumo
Sacerdote perfeito. O sacrifício único de Jesus vale para todos os tempos, Ele
atravessou os céus de uma vez por todas, para comparecer agora eternamente
a face de Deus em nosso favor.
No caminho da obediência, que conduziu por sofrimentos,
Jesus tornou-se o Sumo Sacerdote perfeito e ao mesmo tempo causa da salvação
eterna. Assim como Jesus foi obediente ao Pai e entrou na glória, assim também
o caminho dos fiéis leva a glória unicamente pela obediência e pelo sofrimento.
As linhas divinas da salvação da antiga aliança valem igualmente para a igreja
da nova aliança. Ao mesmo tempo, porém, o serviço e a glória dos mensageiros de
Deus do AT foram cumpridos e superados por intermédio de Jesus Cristo. A
imensurável magnitude da dádiva de Deus em Jesus Cristo reluz diante do fundo
histórico do povo de Israel do AT e de seu sumo sacerdócio. Jesus Cristo é a
grande dádiva de Deus. É dele que jorra para nós a força de que precisamos para
perseverar na trajetória do discipulado, ainda sob graves dificuldades internas
e externas.